Em um reino distante, cercado por colinas verdes e rios cristalinos, vivia um menino chamado Tomás. Ele era conhecido na vila como “o pequeno cavaleiro”, pois sempre andava com uma armadura de madeira feita por seu pai e uma espada de brinquedo presa à cintura.

Tomás adorava histórias de cavaleiros e dragões, mas, para ele, dragões sempre eram criaturas assustadoras que precisavam ser derrotadas. Até que, um dia, ele descobriu que nem tudo que ouvimos nas histórias é exatamente como parece.

O Chamado para a Aventura

Uma manhã ensolarada, enquanto Tomás brincava perto do bosque, ouviu um som estranho vindo da floresta. Era um rugido alto, mas também parecia um choro. Curioso e corajoso como sempre, ele decidiu investigar.

Com sua espada de madeira em mãos e um escudo feito de tampa de panela, Tomás entrou na floresta. As árvores eram altas e faziam sombras misteriosas, mas ele não se intimidou.

Logo, ele encontrou a origem do som: um enorme dragão verde estava preso entre dois troncos caídos. Suas asas estavam dobradas, e seus olhos grandes e amarelos brilhavam com lágrimas.

“Não se aproxime, pequeno humano”, disse o dragão, com uma voz grave, mas triste. “Sou perigoso.”

Tomás ficou parado por um momento, mas, ao ver as lágrimas do dragão, percebeu que ele não parecia tão assustador assim.

“Você não parece perigoso. Parece mais… triste”, respondeu Tomás, aproximando-se com cuidado.

O dragão suspirou. “Meu nome é Fogo, mas ninguém quer ser meu amigo porque acham que sou mau. Hoje de manhã, enquanto voava por aqui, fui atingido por uma árvore que caiu com o vento. Agora estou preso.”

O Resgate de Fogo

Tomás olhou para os troncos e teve uma ideia. Ele usou toda a sua força para empurrar os galhos menores, enquanto Fogo tentava mover as patas para ajudá-lo. Depois de alguns minutos de esforço, eles finalmente conseguiram soltar as asas do dragão.

“Você me ajudou? Mesmo achando que sou perigoso?”, perguntou Fogo, surpreso.

“Claro! Você só precisava de ajuda. E, além disso, cavaleiros de verdade protegem quem está em apuros”, disse Tomás com um sorriso.

Fogo deu uma risada profunda. “Você é um cavaleiro muito valente, pequeno humano. Como posso retribuir?”

Uma Amizade Inesperada

Tomás pensou por um instante. “Você poderia me ensinar a voar? Sempre quis ver o reino de cima!”

Fogo balançou suas enormes asas, agora livres, e abaixou-se para que Tomás pudesse subir em suas costas. “Segure firme, pequeno cavaleiro!”

Com um salto poderoso, o dragão levantou voo. O vento bagunçava os cabelos de Tomás, e ele gritava de alegria enquanto via o reino se estender como um grande mapa abaixo deles. Eles passaram por rios cintilantes, campos floridos e até o castelo do rei.

“Isso é incrível, Fogo! Obrigado!”, disse Tomás, rindo.

Enquanto voavam, Fogo contou a Tomás que, apesar de ser um dragão, ele nunca quis assustar ninguém. Ele adorava flores, estrelas e até aprender histórias dos humanos, mas ninguém dava uma chance para conhecê-lo.

“Talvez, se você mostrar quem você é de verdade, eles não tenham medo”, sugeriu Tomás.

O Plano do Pequeno Cavaleiro

Quando voltaram à vila, Tomás teve uma ideia para ajudar Fogo. Ele reuniu as crianças e os adultos no campo aberto e fez um discurso corajoso.

“Pessoal, sei que todos têm medo dos dragões, mas conheci Fogo, e ele não é nada assustador! Ele só quer ser nosso amigo. Vamos dar uma chance?”

Os adultos hesitaram, mas as crianças, sempre curiosas, se aproximaram primeiro. Fogo, nervoso, abaixou a cabeça para parecer menos intimidador.

Uma menina chamada Clara foi a primeira a tocar na asa do dragão. “Ele é macio!”, disse ela, rindo.

Logo, outras crianças começaram a brincar ao redor de Fogo, e até alguns adultos se aproximaram. Fogo mostrou que sabia soprar fogo no ar sem machucar ninguém, criando pequenas faíscas que pareciam estrelas cadentes.

O Dragão Protetor

Com o tempo, Fogo se tornou amigo da vila. Ele ajudava nas colheitas soprando fogo para secar o trigo molhado pela chuva e usava suas asas para proteger os campos contra tempestades.

Tomás e Fogo se tornaram inseparáveis. Eles exploravam o reino juntos, voando para terras distantes e vivendo aventuras incríveis.

“Você é o melhor amigo que eu poderia ter”, disse Tomás um dia, enquanto olhava para o pôr do sol nas costas de Fogo.

“E você, pequeno cavaleiro, me ensinou que a verdadeira coragem vem do coração”, respondeu Fogo.

O Reino em Paz

Graças à amizade entre Tomás e Fogo, o reino aprendeu que nem todos os dragões são perigosos. A partir daquele dia, os dragões foram vistos como amigos, e o reino ficou em paz.

E, claro, Tomás continuou sendo conhecido como o pequeno cavaleiro, mas agora ele também era chamado de “o amigo dos dragões”.

Fim

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