Havia uma vez, em uma floresta calma e serena, uma borboleta chamada Luna. Ela tinha asas tão brilhantes quanto as estrelas e, quando voava, deixava um leve rastro de luz que iluminava o caminho onde passava. Mas Luna tinha um segredo: enquanto todas as outras borboletas dormiam durante a noite, ela adorava dançar sob a luz da lua.

Todas as noites, quando a floresta ficava em silêncio, Luna saía do seu cantinho escondido e voava até uma clareira cercada por árvores altas e cheias de folhas. Ali, com o mundo inteiro dormindo, ela fazia sua dancinha especial. Suas asas batiam suavemente no ritmo do vento, e seu rastro de luz criava desenhos no ar.

Os animais que ficavam acordados durante a noite, como o mocho Sabino e a raposa Clarinha, sempre paravam para assistir. Eles nunca faziam barulho, pois não queriam atrapalhar Luna. Assistir àquele balé silencioso era como um presente para eles.

Uma noite, enquanto Luna dançava, ela percebeu algo diferente. O vento parecia estar cantando. Era um som muito baixinho, quase como um sussurro, mas que acompanhava perfeitamente seus movimentos. Luna parou por um instante e olhou ao redor. “Quem está cantando?”, ela perguntou, mas não ouviu resposta.

Curiosa, Luna continuou a dançar, e o vento cantava junto com ela. As notas suaves pareciam contar uma história, como se fossem palavras que apenas ela pudesse entender. Era uma história sobre calmaria, sobre estrelas que piscavam no céu, e sobre o amor pelo momento presente.

Depois de algum tempo, Sabino, o mocho, voou até ela e disse: “Luna, o vento está cantando por causa de você. Sua dança é tão linda que até a natureza quer participar.”

“Você acha mesmo?”, perguntou Luna, surpresa.

“Com certeza”, respondeu Sabino, ajustando seus óculos redondos. “Sua luz, sua leveza, sua alegria… tudo isso inspira o vento e também a todos nós.”

Luna ficou tímida, mas também muito feliz. Saber que sua dança trazia alegria para os outros fazia seu coração bater ainda mais forte. Naquela noite, ela dançou com ainda mais carinho, e o vento, agradecido, continuou cantando.

Mas, em uma outra noite, algo estranho aconteceu. O vento estava quieto, e a floresta parecia ainda mais silenciosa do que de costume. Luna começou a dançar, esperando que o vento voltasse a cantar, mas nada aconteceu.

Ela parou e olhou para Sabino, que estava em seu galho habitual. “Onde está o vento? Por que ele não está cantando hoje?”

Sabino pensou por um momento e disse: “Talvez o vento esteja cansado. Mesmo o vento precisa de um momento para descansar.”

Luna ficou pensativa. Ela nunca tinha imaginado que o vento pudesse precisar de descanso. Então, ela teve uma ideia.

“Se o vento está cansado, eu vou dançar para ele. Talvez minha dança possa confortá-lo, assim como ele conforta a todos nós.”

Com essa ideia em mente, Luna começou a dançar novamente. Desta vez, não para ela mesma, nem para os outros animais, mas para o próprio vento. Ela movia suas asas devagar, com muita suavidade, como se estivesse embalando um amigo em um grande abraço. E, mesmo sem a música do vento, sua dança ainda era bonita e cheia de amor.

De repente, Luna sentiu uma brisa leve tocar suas asas. Era tão suave que parecia um carinho. Aos poucos, o vento voltou, trazendo consigo sua melodia. Mas desta vez, não era apenas o vento que cantava. As folhas das árvores sussurravam, os galhos rangiam suavemente, e até o riacho perto da clareira parecia murmurar uma melodia.

Sabino sorriu e disse: “Você viu, Luna? Sua bondade fez o vento voltar. Agora, toda a floresta está cantando com ele.”

Luna sentiu seu coração se encher de felicidade. Ela nunca tinha percebido como sua dança podia inspirar não apenas o vento, mas toda a natureza ao seu redor. A partir daquela noite, ela não dançava mais sozinha. A floresta inteira participava, e cada movimento seu era uma celebração do silêncio mágico da noite.

E assim, Luna continuou a dançar, noite após noite, trazendo calma e serenidade para todos que tinham a sorte de assistir ao seu espetáculo.

Fim.

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