Em uma pequena vila rodeada por montanhas e flores coloridas, havia um rio que todos chamavam de Rio Sereno. Ele não era apenas um rio comum. Quando o sol se punha e a lua aparecia no céu, o rio começava a cantar uma canção suave e mágica. Os moradores da vila diziam que aquela melodia ajudava a afastar os sonhos ruins e trazia uma noite tranquila para quem a ouvisse.
Lá vivia uma menininha chamada Clara, que adorava ouvir as histórias do Rio Sereno. Todas as noites, antes de dormir, ela ficava na janela do seu quarto tentando escutar a canção do rio. Mas havia um pequeno problema: Clara era muito curiosa e nunca conseguia ficar acordada o suficiente para ouvir a melodia até o fim.
“Um dia, eu vou descobrir de onde vem essa canção mágica!”, disse Clara para sua gatinha Mimi, que ronronava ao lado dela.
Certa noite, enquanto Clara estava prestes a adormecer, uma coisa incrível aconteceu. Uma borboleta brilhante, com asas que pareciam feitas de estrelas, entrou pela janela aberta. Ela pousou suavemente na cabeceira da cama de Clara e disse: “Olá, Clara! Eu sou Estela, a guardiã do Rio Sereno. Você gostaria de conhecer o segredo da canção do rio?”
Clara ficou tão surpresa que nem conseguiu responder de imediato. Mas, depois de um momento, ela disse: “Eu adoraria! Mas como vamos até lá? O rio fica muito longe!”
Estela bateu suas asas brilhantes e, num instante, Clara sentiu um vento suave a envolver. Quando abriu os olhos, ela não estava mais em seu quarto. Agora, ela estava bem ao lado do Rio Sereno. A água brilhava como se estivesse cheia de pequenas luzinhas douradas, e o som da canção era mais bonito do que qualquer coisa que Clara já tivesse ouvido.
“De onde vem essa música?”, perguntou Clara, fascinada.
Estela apontou para o meio do rio, onde havia uma grande pedra coberta de musgo. Sentados sobre a pedra, havia pequenos seres mágicos que pareciam feitos de água e luz. Eles estavam tocando instrumentos minúsculos: harpas, flautas e sinos.
“Eles são os Guardiões do Som”, explicou Estela. “Todas as noites, eles tocam essa canção para trazer paz e calma à vila. E o mais especial é que a música deles se mistura com o som do rio, criando a melodia perfeita para ajudar todos a dormirem bem.”
Clara estava maravilhada. Ela nunca tinha visto nada tão bonito. Os Guardiões do Som acenaram para ela e continuaram tocando. Cada nota parecia flutuar pelo ar como pequenos fios de seda, envolvendo Clara em uma sensação de tranquilidade.
“Posso aprender a canção?”, perguntou Clara, com os olhos brilhando de entusiasmo.
Estela sorriu. “Claro que sim! Mas para isso, você precisa entender o segredo por trás da melodia. Não são apenas os sons que fazem a canção especial. É o amor, a calma e a gratidão que colocamos em cada nota. Você quer tentar?”
Clara concordou com um grande sorriso. Um dos Guardiões do Som entregou a ela uma pequena flauta feita de cristal. Clara segurou a flauta com cuidado e começou a soprar suavemente. No início, o som era baixo e desafinado, mas Estela a encorajou. “Feche os olhos, Clara. Pense em algo que faz seu coração feliz.”
Clara fechou os olhos e pensou em sua mãe lhe dando um beijo de boa noite, em Mimi ronronando em seu colo e no cheiro das flores no jardim de sua avó. Quando soprou novamente na flauta, o som foi doce e harmonioso. Os Guardiões do Som sorriram e a acompanharam com seus instrumentos.
Por alguns minutos, Clara sentiu como se estivesse dentro da música. Ela tocava com o coração, e cada nota parecia dançar no ar, misturando-se ao som do rio.
“Você conseguiu, Clara!”, disse Estela, batendo palmas com entusiasmo. “Agora você é parte do segredo do Rio Sereno. Sempre que precisar de calma, lembre-se dessa melodia.”
Clara sentiu-se orgulhosa e grata. Mas logo começou a sentir seus olhos pesando. Estela sorriu. “É hora de você voltar para casa, Clara. A noite está quase terminando, e você precisa descansar.”
Num piscar de olhos, Clara estava de volta em sua cama. A flauta de cristal ainda estava em suas mãos, brilhando levemente. Ela a colocou com cuidado ao lado de sua almofada e fechou os olhos, enquanto o som suave do Rio Sereno continuava ecoando em sua mente.
Naquela noite, Clara teve os sonhos mais tranquilos de sua vida, e soube que sempre poderia contar com a mágica da canção do rio para encontrar paz e serenidade.
Fim.