Era uma vez, em uma floresta muito tranquila, um pequeno coelho chamado Nico. Nico adorava explorar os cantos da floresta durante o dia, mas quando a noite chegava, ele ficava com um pouco de medo. Os sons da noite pareciam estranhos, e o vento, que antes dançava suavemente entre as folhas, agora fazia barulhos misteriosos.
Uma noite, enquanto Nico estava aninhado em sua toca, ele ouviu um som diferente vindo das árvores. Era um sussurro, como se o vento estivesse contando um segredo. “O que será que ele está dizendo?”, pensou Nico, curioso, mas ainda um pouco assustado.
Ele espiou para fora da toca. A lua brilhava suavemente no céu, e as estrelas piscavam como pequenos olhos amigáveis. O vento continuava a sussurrar, passando por entre os galhos das árvores e fazendo as folhas balançarem em uma música calma.
“Se você quer descobrir o que o vento diz, deve segui-lo”, disse uma voz gentil. Nico olhou ao redor e viu Cori, a coruja mais sábia da floresta, empoleirada em um galho baixo.
“Seguir o vento? Mas para onde ele me levaria?”, perguntou Nico, com os olhos arregalados.
Cori sorriu. “O vento sempre leva para onde o coração precisa ir. Confie nele e escute com atenção. Você aprenderá algo especial.”
Nico respirou fundo. Apesar de ainda estar um pouco nervoso, ele sentiu uma faísca de coragem crescer dentro de si. Ele seguiu o som do sussurro, que parecia dançar entre as árvores, guiando-o por um caminho tranquilo e iluminado pela luz prateada da lua.
Enquanto caminhava, Nico percebeu que o vento não estava sozinho. Ele trazia consigo os sons da floresta – o pio suave de Cori ao longe, o barulho leve de um riacho, e até o som das folhas sussurrando entre si. Nico começou a se sentir menos assustado e mais encantado com tudo ao seu redor.
Logo, ele chegou a uma clareira no meio da floresta. No centro da clareira havia uma árvore muito alta e antiga, com galhos que pareciam tocar o céu. O vento soprava suavemente ao redor dela, fazendo suas folhas brilharem sob a luz da lua.
“Bem-vindo, pequeno Nico”, disse uma voz suave. Nico olhou para cima e viu que era a árvore que falava! Seus galhos se moviam devagar, como se estivessem acenando para ele.
“Você pode falar?”, perguntou Nico, com os olhos arregalados de surpresa.
A árvore sorriu. “Sim, eu sou a Árvore do Sussurro. O vento traz até mim os segredos da floresta, e eu os guardo com carinho. Mas também compartilho minhas histórias com quem tem coragem de me ouvir.”
Nico sentou-se na grama macia, bem ao lado da árvore. “Que histórias você pode me contar?”, perguntou ele, curioso.
A Árvore do Sussurro balançou suavemente seus galhos e disse: “Vou contar uma história sobre o próprio vento. Há muito tempo, o vento era um pequeno sopro, tão delicado que quase ninguém percebia sua presença. Ele queria ser grande e forte, mas não sabia como. Então, ele começou a viajar, aprendendo com tudo o que encontrava pelo caminho.”
Nico inclinou as orelhas para frente, atento. “E o que ele aprendeu?”
“Ele aprendeu que podia trazer o frescor nos dias quentes e espalhar sementes para que novas árvores crescessem. Ele descobriu que podia ser suave como um carinho ou forte como uma tempestade. Mas o mais importante foi que o vento aprendeu a ouvir. Ele escuta as folhas, as árvores, os riachos e até os sonhos dos animais da floresta. E foi assim que ele encontrou sua verdadeira força: ajudando a todos de maneira gentil.”
Nico sorriu. “Então, o vento não é assustador. Ele está aqui para ajudar.”
“Exatamente, pequeno Nico”, disse a Árvore do Sussurro. “E agora que você sabe disso, sempre que ouvir o vento, pode lembrar que ele está cuidando de você e de toda a floresta.”
Nico sentiu seu coração ficar quentinho e leve. Ele agradeceu à árvore e começou a voltar para sua toca, com o vento suave acompanhando-o pelo caminho.
Quando chegou, Nico não sentia mais medo dos sons da noite. Ele se aconchegou em sua toca, ouvindo o vento sussurrar calmamente entre as folhas. Pela primeira vez, ele dormiu profundamente, com um sorriso no rosto, sabendo que o vento sempre estaria ali para cantar suas canções de ninar.
Fim.